segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

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Taxa de atraso de voos cai, mas tempo de viagem aumenta

Levantamento mostra que, no geral, leva-se mais tempo para voar de um aeroporto a outro em 2013 do que se levava antes do apagão aéreo de 2007

Aumentaram os tempos previstos de voo em 94 das cem rotas mais movimentadas
Aumentaram os tempos previstos de voo em 94 das cem rotas mais movimentadas (Jonas Oliveira/Placar)
As viagens de avião pelo país ficaram mais demoradas nos últimos anos. Em média, leva-se mais tempo para voar de um aeroporto a outro em 2013 do que se levava antes do apagão aéreo de 2007. No papel, porém, os atrasos nunca foram tão raros. Neste ano, só 8% dos voos atrasaram - a menor taxa do século. A explicação seria o congestionamento dos aeroportos - que, operando quase sempre no limite, fazem com que o tempo entre o embarque dos passageiros e a decolagem fique maior. Com isso, aumentam os tempos de voo.
Isso aconteceu em 94 das cem rotas mais movimentadas do país. A distância aérea entre São Paulo e Rio continua sendo de 385 quilômetros, mas cariocas e paulistanos nunca estiveram tão longe. Em 2000, demorava-se, em média, 51 minutos para ir de Congonhas ao Santos Dumont. O avião atrasava quatro minutos para deixar o terminal e levava mais 47 até abrir as portas no Rio. Hoje, a viagem demora 64 minutos: o atraso médio ainda é de quatro minutos, mas o tempo gasto pelo passageiro dentro da aeronave é, em média, de 60 minutos.
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Os dados foram compilados com base nos mais de 13 milhões de registros de voos catalogados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde janeiro de 2000 até setembro de 2013. As companhias dizem que fizeram sua parte: estão colocando o passageiro dentro do avião em tempo recorde - graças, em boa parte, à transferência para o cliente do trabalho de fazer o check-in nos terminais de autoatendimento.
O problema começa quando o passageiro entra no avião. É aí que começa a contar o chamado tempo de voo, que é informado pelas próprias companhias. Esse intervalo vai do momento em que as portas do avião são fechadas no aeroporto de origem, passa pelo tempo no ar e só termina depois que a aeronave estacionou no destino e reabriu as portas.
A Aeronáutica, responsável pelo controle do tráfego aéreo, afirma que o tempo médio de uma aeronave no ar não teve alterações desde 2000. Ou seja: só pode ter crescido o tempo do avião em solo.
"Fecham a porta do avião no horário certo, mas você fica sentado esperando. É como se dissessem ‘a você que reclame com o tráfego’", diz o conselheiro de empresas Joaquim de Castro, de 69 anos, que costuma viajar até duas vezes por semana com a arquiteta Carol Ludolf, de 39. "Eu tenho notado que uma maior espera dentro do avião tem acontecido com muito mais frequência do que há alguns anos", diz Carol.
Infraestrutura — As próprias companhias admitem que esse problema justificou o aumento do tempo de voo. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o taxiamento em Congonhas durava em média dez minutos em 2005. Hoje, já é de dezoito. Essa demora entrou na conta da previsão dos tempos de voo. "Tivemos de adequar. Senão, nós iríamos programar um serviço que não podemos dar", disse Mauricio Emboaba Moreira, consultor técnico da Abear.
Segundo as empresas aéreas, a infraestrutura aeroportuária não acompanhou o aumento do número de voos domésticos, que passou de 611.000, em 2003, para 1,126 milhão em 2012. "À medida que se adensa o tráfego, o tempo que se perde nos aviões aumenta. Se o pátio do aeroporto está todo adensado, tem de esperar para pousar e para decolar", afirma Moreira.
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A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) não comentou se o aumento do tempo de voo está relacionado à falta de infraestrutura. Segundo a empresa, obras, reformas e ampliações estão sendo feitas em 32 dos 63 aeroportos administrados pela estatal. O objetivo é que, no futuro, os terminais estejam aptos para atender à demanda de passageiros e aeronaves.
(com Estadão Conteúdo)

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