sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

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Dólar vai a R$ 2,35 após BC anunciar redução da oferta da moeda em 2014

Folhapress | 20h35 | 19.12.2013

O dólar fechou com leve alta em relação ao real nesta quinta-feira (19), com a avaliação positiva sobre a decisão do Banco Central do Brasil em acompanhar a autoridade monetária dos Estados Unidos e passar a reduzir a injeção de dólares no mercado a partir de janeiro.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 0,30% em relação ao real, cotado em R$ 2,350 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 0,29%, também a R$ 2,350.
Na noite da quarta-feira (18), o banco central americano anunciou o início da retirada de seu estímulo à economia dos Estados Unidos, numa medida que surpreendeu a maioria dos analistas no Brasil, que esperavam a mudança só em 2014.
A decisão, no entanto, foi bem recebida, com interpretação de que a redução dos estímulos será progressiva e que os juros dos EUA não devem subir até 2015, o que diminui o risco de uma disparada do dólar em razão de uma eventual fuga de capitais para os EUA, na esteira da recuperação da economia americana.
No Brasil, o BC nacional aproveitou a calmaria produzida pelo Fed e anunciou que também vai diminuir a oferta fixa de dólares no mercado doméstico de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão por semana. "O presidente do BC [Alexandre Tombini] e o ministro Guido Mantega [Fazenda] já tinham sinalizado que o programa de intervenções diárias no câmbio poderia sofrer ajustes em 2014. Por isso, não houve surpresa com essa decisão", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, as medidas de ambos os BCs foram acertadas. "O Fed tem uma política muito boa de comunicação, que tem sido chave para a condução de sua política monetária. E o BC brasileiro tem conseguido aproveitar isso", avalia.
Isso porque, desde maio, quando o Fed anunciou sua intenção de encerrar o estímulo em 2014, o dólar subiu cerca de 17% sobre o real, seguindo as demais moedas globais. O movimento, que motivou as intervenções programadas do BC brasileiro no câmbio a partir de agosto, ajudou a limitar o avanço dólar após o anúncio de ontem.
"Não há interesse também por parte do Fed de causar uma nova distorção no mercado financeiro global para retirar seu estímulo, por isso preparou o terreno para poder começar o tapering [nome em inglês atribuído à retirada do estímulo americano]", completa Perfeito.
Para o próximo ano, a perspectiva continua de pressão para a moeda americana, mas pautada mais em questões internas, como inflação elevada, fraco crescimento econômico e deterioração das contas públicas --cenário que deve piorar em ano eleitoral, em que o governo acaba gastando mais.
A redução da oferta de dólares tanto pelo BC americano quanto pelo brasileiro, fica em segundo plano. "Desde 2009, o Fed já injetou US$ 3 trilhões com seu estímulo. O BC brasileiro, mais de US$ 40 bilhões. Ou seja, a redução gradual dos aportes não vai 'secar' o volume da moeda no mercado", diz Marcos Trabbold, operador da B&T Corretora de Câmbio.
"O foco dos investidores se volta cada vez mais para os fundamentos da economia real, que começam a dar sinais de melhora, principalmente nos países desenvolvidos, que terão crescimento maior em 2014", afirma a equipe de análise do BB Investimentos, em relatório.
Bolsa
No mercado de ações, a avaliação positiva sobre o 'modesto' corte no estímulo americano, que sinalizou melhora da economia dos EUA, fez com que o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechasse em alta de 2,12%, a 51.633 pontos.
Investidores também avaliaram dados econômicos divulgados pela manhã. Embora a prévia da inflação tenha acelerado em dezembro, indicando que o aumento dos preços em 2013 deve ser maior que em 2012, agradou a notícia de que a taxa de desemprego no Brasil caiu para 4,6% em novembro.
O índice foi impulsionado pelas ações do setor siderúrgico em meio a perspectivas de aumento nos preços do aço em 2014, segundo analistas. Os papéis mais negociados da Usiminas subiram 3,59%, enquanto CSN teve avanço de 3,15% e a Gerdau, de 1,71%. As valorizações dos papéis mais negociados de Petrobras (+2,43%) e Vale (+1,44%) também ajudaram a sustentar o ganho do Ibovespa no dia. Mas quem liderou a ponta positiva do índice foi a Eletropaulo, com avanço de 8%.
Os papéis da empresa de energia ainda refletem, segundo analistas, as decisões da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) nesta semana sobre a revisão tarifária da empresa e indenização de R$ 626 milhões que ela terá que pagar a consumidores, mas em condições melhores do que as esperadas pelo mercado.

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