terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Vi noticias (#0144)

"Madiba me faz querer ser um homem melhor", diz Obama, aplaudido de pé

Primeiro presidente negro dos EUA foi ovacionado durante discurso em cerimônia religiosa

Do R7
O primeiro presidente negro norte-americano, Barack Obama, fez um discurso emocionado, foi ovacionado e aplaudido de pé na cerimônia religiosa realizada nesta terça-feira (10) no estádio Soccer City em Soweto, na África do Sul, na despedida ao ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, morto na última quinta-feira (5).

Obama destacou a liderança e a importância histórica do líder que combateu 46 anos de apartheid, regime pelo qual negros eram considerados inferiores aos brancos.
— É uma honra única estar celebrando uma vida que não se iguala a nenhuma outra. Povos de todas as raças do mundo estão aqui. A luta dele foi a luta de vocês. A democracia é o seu legado.

Recebido com aplausos, Obama chegou ao estádio acompanhando pelo ex-presidente republicano George W. Bush e pelo democrata Bill Clinton.

— Mandela é um gigante da história, que trouxe uma nação para a Justiça. Madiba emergiu como o maior colaborador do século [20]. Como Ghandi, liderou um movimento de resistência, insistindo em algo que parecia não ter sucesso no início.
Obama aproveitou o palanque para "alfinetar" a intolerância ainda praticada em alguns países.
— Muitos líderes dizem aceitar o discurso de Madiba, mas não aceitam as diferenças dos povos em seu próprio país.

O presidente dos EUA destacou a tolerância com que Mandela conduziu o fim do apartheid.
— Mandela sofreu um encarceramento brutal e, ao sair da prisão, fez uma ordem constitucional para preservar a dignidade das gerações futuras. Considerando tudo o que ele fez, é tentador se lembrar de Mandela como alguém sorridente e sereno. Madiba era muito resistente. Ele admitia suas imperfeições e sempre tinha bom humor, apesar dos fardos que carregava. É por isso que ele era tão amado e aprendemos tanto com ele. Ganhou seu lugar na história por meio de luta, inteligência, resistência e fé. Ele nos mostrou o poder da ação e o poder de nos arriscar por nossas ideias.

Para o presidente americano, Mandela o faz querer ser melhor.
— Não vou estar a altura do exemplo de Madiba, mas ele me faz querer ser um homem melhor.
Obama se lembrou também das transformações que o líder negro teve de enfrentar para mudar seu país.
— Sabíamos que ele compartilhava com milhares de sul-africanos negros o peso de mil indignidades. Madiba disciplinou sua raiva e canalizou seu desejo por lutar em uma estratégia para que homens e mulheres pudessem lutar por sua dignidade.

Ao mencionar o "ubuntu", que estabelece a igualdade entre os povos, Obama foi bastante ovacionado.

— A palavra "ubuntu" captura o maior presente de Mandela. O reconhecimento de que estamos entrelaçados. Madiba liberou não só os prisioneiros, mas também quem trabalhava na prisão.
Ban: mundo perdeu seu mentor

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez um discurso sobre a tolerância e a lição de paz compartilhada por Mandela com toda a humanidade.

— A África do Sul perdeu um herói. Nós perdemos um pai. O mundo perdeu um mentor.

Segundo o líder da ONU, a transformação democrática da África do Sul foi uma vitória para o mundo. Ban destacou que as Nações Unidas estavam lado a lado com Mandela e com o povo da África do Sul contra o apartheid.

— Usamos todas as nossas armas possíveis contra o regime: embargos, boicotes e isolamentos diplomáticos.

Dezenas de milhares de pessoas caminharam durante a madrugada para o estádio Soccer City, no qual Mandela fez a última grande aparição pública, em 11 de julho de 2010, antes da final da Copa do Mundo de futebol entre Espanha e Holanda.
A celebração abre cinco dias de homenagens antes do enterro, a ser realizado no próximo domingo (15) em Qunu, localidade onde Mandela passou uma infância feliz e que abandonou após a morte do pai.

Simultaneamente aos atos desta terça-feira (10), foi celebrada uma pequena homenagem na prisão de Robben Island, onde Mandela passou 27 anos detido antes de ser liberado em 1990, para ser eleito presidente em 1994 e guiar a África do Sul a uma transição pacífica do regime racista do apartheid à democracia multirracial.

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